Hoje, depois de vários anos sem ouví-las, ouvi com gosto e atenção as Variações sobre um tema de Haydn. É o Brahms clássico, mais clássico que romântico; que eu, numa outra época, ouvia e curtia muito enquanto pintava aquelas naturezas-mortas hiperclássicas. Hoje me deliciei com suas luzes e cores enquanto desenhava um desenho nada lúcido, nada colorido, nada clássico...
WDR Sinfonieorchester Köln - Kölner Philharmonie Johannes Brahms: Variações em Si bemol maior op.56a (sobre um tema de Joseph Haydn) conduzida por Semyon Bychkov
Interpretada pelas russas, a versão para dois pianos é profundamente revigorante.
Anastasia Gromoglasova e Lyubov Gromoglasova executando a Opus 56b em um recital no Conservatório de Moscou
Brahms compôs, no meio do ano de 1873, duas versões dessa obra: primeiro para dois pianos, Opus 56b, e depois para orquestra, Opus 56a. Em novembro do mesmo ano, ele mesmo conduziu a primeira apresentação, com a Filarmônica de Viena. O efeito foi muito positivo, talvez estimulando-o a concluir, três anos depois, sua fantástica primeira sinfonia, iniciada mais de dez anos antes.
A Opus 56a é considerada a primeira obra da história da música no gênero tema e variações para orquestra — excetuando, segundo alguns, uma peça de Antonio Salieri.
São dez partes: a apresentação do tema, oito variações e o finale. É no finale que aparece a única referência comprovadamente haydniana, remetendo especificamente a um trecho do segundo movimento da Sinfonia 101.
O tema da Opus 56, inicialmente atribuído a Haydn, hoje parece que a maioria dos estudiosos credita a um aluno dele, Ignaz Joseph Pleyel, mas isso ainda é controverso. O que se sabe é que foi extraído do segundo movimento de uma peça intitulada Divertimento No. 1. Esse movimento tinha no cabeçalho o título Chorale St. Antoni, razão pela qual esta obra de Brahms é às vezes apresentada como Variações Santo Antônio.